segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

O CIÚME É UM RAIO RELUZENTE NO ESPAÇO SIDÉREO DA PAIXÃO Vicente Reinaldo

 

Minha esposa é um anjo querubim

Que com crise e pobreza não esquenta

Seu defeito é ser muito ciumenta

Quando saio pra rua acha ruim

Até vai me buscar no botequim

E vai falando do bar ao barracão

Eu em vez de brigar lhe dou razão

Porque sei o que é que ela sente:

O ciúme é um raio reluzente,

No espaço sidéreo da paixão.

 

Eu também sou um homem ciumento

Mas não tenho ciúme doentio,

Tenho muito ciúme, mas confio

Na mulher que ganhei no casamento,

Só não deixo ela livre cem por cento

Pra não dar muita sopa ao Ricardão.

Mulher minha não quero na prisão

Nem lhe dou liberdade totalmente:

O ciúme é um raio reluzente,

No espaço sidéreo da paixão.

 

Ter ciúme demais não adianta

Mas ciúme dosado é muito bom.

Da orquestra do amor ele é o som

E do banquete romântico ele é a janta

A paixão eu comparo a uma planta,

Seu início é tal germinação,

Mais ou menos o meio, a floração,

E o final, é caruncho na semente:

O ciúme é um raio reluzente,

No espaço sidéreo da paixão.

 

No jardim da paixão não brota flor

Mas a terra precisa ser regada

O ciúme é a água perfumada

Que umedece o jardim de um grande amor

Cada amante faz vez de um lavrador

Dando redra na sua plantação

Evitando do joio a expansão

Pro amor germinar-se livremente:

O ciúme é um raio reluzente,

No espaço sidéreo da paixão.

 

Quando olho pra moça seminua,

Minha esposa se zanga e quer brigar

Eu disfarço pra ela se acalmar

Mas a negra zangada continua.

Diz: você, se gostar dessa perua

Eu exijo nossa separação,

Mas esquece de tudo no colchão

Se fazendo de boba e inocente:

O ciúme é um raio reluzente,

No espaço sidéreo da paixão.

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